A escola dos pequenos ofereceu um ciclo de palestras sobre a adolescência. A dupla lá de casa tem 5 e 9 anos, mas me questionei se estava preparada para dar o suporte necessário nessa fase da vida deles que chegará em breve? Então, dediquei algumas noites, junto com dezenas de outros pais, para assistir a um ciclo de palestras sobre o tema com diferentes enfoques.
É um período de transformação gigantesco na vida dos pequenos, que não são mais crianças e ainda não são adultos. São mudanças físicas e psicológicas. Impossível a gente não fazer um corte no pensamento, lembrar de quando éramos adolescentes, nossas descobertas, dúvidas, embates com os pais, atos nem sempre nobres. Alguns pais, me incluo na lista, devem se arrepiar ao pensar que os filhos poderão te comportamentos parecidos com os deles.
E como estamos tratando nossos adolescentes hoje? Em algumas situações, nosso discurso é:
- Você já tem 15 anos, como faz isso?
Minutos depois, professamos:
- Você só tem 15 anos, como quer fazer isso?
Em alguns momentos, não reconhecemos mais aquele serzinho que não aceita o que falamos de forma inquestionável. O humor varia como uma montanha russa. De repente, eles passam a nos questionar mais, a ter ideias próprias e profundas.
E a gente? Segue repetindo discursos que não ajudam:
- Você vai ver quando crescer, vai trabalhar duro para ganhar teu dinheiro.
- A vida adulta é dureza, não é essa barbada de estar no colégio e só estudar.
E assim, reproduzimos uma ideia de que não é legal chegar à vida adulta. É assim que estamos preparando eles para a vida adulta?
E ainda nossos filhos têm mania de gostar e querer andar com aquele (a) menino (a) que você não gosta. Quando a gente critica o amigo, ele ainda defende a criatura. Pois é, na adolescência, lembram, a gente talvez também tivesse a mania de defender os fracos e oprimidos?
E quando começar a namorar, qual a idade ideal? Os relacionamentos estão cada vez mais descartáveis. Volto a tecla da responsabilidade e amadurecimento. Cada um tem seu tempo, acredito que o ideal seria a partir dos 18 anos, mais cedo para uns, mais tarde para outros. A orientação nesse sentido vai depender de um papo reto e responsável com o filho. Não ir contra, mas buscar abertura para falar do que pensa e de assuntos espinhosos e qual a sua posição sobre eles.
Como orientar o filho no planejamento de sua carreira, com o mundo nessa transformação sem fim? Profissões tradicionais irão desaparecer, o mundo do trabalho valoriza outros critérios que não apenas um currículo formal, profissões criativas são tendência de futuro. Então, como orientar o filho?
Procurar pesquisar o mercado e orientar conforme suas próprias convicções. No meu caso, acredito que, de forma geral, fazer algo que gosta e ter habilidades como estar sempre disposto a aprender, se relacionar bem com os diferentes, entregar resultados... entre outros itens.
Levantar a voz para impor sua vontade não adianta mais? Pois é, não adianta mesmo. Então, se não ter argumentos, não siga o diálogo. Pare dê uma volta, uma pesquisada e organizada no pensamento e retome o diálogo com seu filho.
Reforce com eles quais são seus valores, sem parecer sermão. Tente aplicar uma escuta empática, sem julgamentos. Não fuja de temas polêmicos, como drogas, álcool, violência, lembre-se que toda a atitude causa uma reação. Reforce o conceito que somos responsáveis pelos nossos atos, que, como pais estaremos ao lado deles, mas não vamos sentir ou viver por eles.
Sempre terão nosso colo ou palavras de conforto, mas não vamos nos eximir de dizer a verdade, mesmo que seja dura, para formar uma pessoa que faça a diferença no ambiente em que ela estiver inserida, com princípios e valores que compartilhamos desde os primeiros anos de vida.
E, por fim, pais de adolescentes, muitas vezes, terão de lidar com os próprios conflitos internos já muitos poderão estar também passando pela famosa crise da meia idade, mas isso é assunto para outro texto.